Já todos ouvimos estas expressões: “Estou a fazer dieta, por isso eliminei os hidratos de carbono” ou “Pratico actividade física intensa, a base da minha alimentação são as proteínas” ou ainda “Hidratos de Carbono são Arroz e Batatas, não é?” Pois bem… Não, não e não.
Os hidratos de carbono devem ser a base de uma alimentação saudável – ou seja, a maioria do que ingerimos devem ser hidratos de carbono. Mas nem todos os hidratos têm as mesmas propriedades: arroz branco, batatas ou açúcar, não são benéficos para a saúde, quer se queira emagrecer ou não, quer se faça muito desporto ou não. Por e simplesmente não nos fazem bem. No entanto, os cereais integrais em grão (arroz, o trigo sarraceno, o millet, o bulgur,…), os vegetais e as leguminosas são bons, quer para a nossa saúde física, quer para o equilíbrio emocional e devem ser a base da nossa alimentação diária. Sim, os vegetais e as leguminosas também têm hidratos de carbono! Erradamente, pensa-se só em arroz e batatas, quando se fala em hidratos, mas não é bem assim. A explicação a seguir, do Francisco Varatojo, é longa, mas é muito interessante. Vale mesmo a pena ler.
“Ao longo dos anos a ciência nutricional tem vindo a alterar substancial e quase radicalmente as suas recomendações: no início do estudo da nutrição, os alimentos proteicos foram eleitos como “a nata” dos nutrientes, uma vez que a proteína é utilizada para formar tecido corporal. Os diferentes estudos epidemiológicos efectuados nas últimas décadas mostraram no entanto que um consumo elevado de proteína pode contribuir para imensos problemas e actualmente recomenda-se que a base da alimentação consista em hidratos de carbono. (…)
Mas, se a base da nossa alimentação diária deve consistir de hidratos de carbono, nem todos os hidratos de carbono são iguais – batatas, arroz branco, arroz integral ou açúcar não têm de todo o mesmo efeito, apesar de todos estes alimentos serem tecnicamente hidratos de carbono ou açúcares. Os hidratos de carbono, ou glúcidos ou açúcares constituem a nossa principal fonte de energia, mas para além de servirem para “queimar” (como a lenha numa lareira) têm outras funções importantes:
- Os hidratos de carbono são o melhor combustível para as células, proporcionam a energia química necessária para as funções corporais, exercício muscular, manutenção da temperatura, digestão e assimilação de nutrientes, entre outras.
- Fazem parte dos ácidos nucleicos – ADN e ARN – que servem para conservar e transmitir a informação genética e das membranas celulares.
Dum ponto de vista estrutural, quando falamos de hidratos de carbono podemos estar a referir tipos diferentes de açúcares:
- Monosacáridos: frutose (presente no mel e nas frutas), glicose (fruta, mel, alguns vegetais) e galactose.
- Disacáridos: Lactose (leite), sacarose (açúcar), maltose (obtida por hidrólise dos amidos).
- Polisacáridos: Glicogénio, amido, dextrina e celulose.
Generalizando, chamam-se aos monosacáridos e aos disacáridos açúcares simples (apenas uma ou duas moléculas) e aos polisacáridos, açúcares complexos (muitas moléculas).
Existe uma enorme diferença entre ingerirmos açúcares simples ou complexos e devemos comer maioritariamente açúcares complexos.
Apesar de no final do processo digestivo todos os hidratos de carbono se converterem em açúcares simples, quando comemos hidratos de carbono complexos (presentes nos cereais, vegetais, leguminosas) o desdobramento dos açúcares é mais lento, o que nos vai dando energia gradual e uma maior estabilidade emocional.
Quando comemos maioritariamente açúcares simples (presentes no açúcar, mel, frutos, etc.) obtemos energia mais rapidamente, mas assim que o pâncreas detecta níveis mais altos de açúcar no sangue segrega insulina e os níveis baixam muito rapidamente podendo criar uma hipoglicemia reactiva; a ingestão excessiva de açúcares simples cria também um comportamento emocional muito mais instável uma vez que as nossas emoções estão intimamente ligadas com as flutuações de açúcar no sangue.
Para além disso, se comemos os hidratos de carbono com fibra (como por exemplo nos cereais integrais e nos vegetais), a assimilação é ainda mais lenta, criando um fornecimento constante de açúcar na corrente sanguínea.
Assim, podemos também classificar os hidratos de carbono segundo a velocidade com que são absorvidos nos intestinos:
- De absorção muito rápida: Sumos de frutas, mel, açúcar, melaço…
- De absorção rápida: Fruta (diferente de sumos de fruta porque a fruta tem fibra associada), polisacáridos refinados (pão branco, arroz branco, farinhas refinadas).
- De absorção lenta: cereais integrais e derivados, vegetais e leguminosas.
Uma vez que referi o efeito da fibra na assimilação dos açúcares, gostaria também de mencionar que a fibra presente nos alimentos ajuda a baixar o colesterol, regula os níveis de glicose (açúcar) no sangue, dá consistência às fezes. Devemos comer a fibra no seu estado natural (em conjunto com os alimentos que a contêm) e não duma forma isolada (sob a forma de farelos ou outros) porque a fibra em excesso pode prejudicar a absorção de minerais e vitaminas e provocar diarreia, dores intestinais ou flatulência em pessoas com sistemas digestivos mais sensíveis.
Como conclusão:
- A maioria da nossa alimentação deve consistir de hidratos de carbono.
- Devemos comer uma percentagem maior de hidratos de carbono complexos do que de hidratos de carbono simples (é preferível evitar completamente o açúcar e adoçantes sintéticos). Os alimentos que têm hidratos de carbono complexos são os cereais, as leguminosas e os vegetais; as batatas sobem os níveis de açúcar muito depressa e não são de todo a melhor forma de ingerirmos açúcares.
- É melhor comermos os cereais na sua forma integral ou semi-integral do que na sua forma refinada.
- Maltose 138 Massas 55
- Glicose 100 Arroz integral 50
- Puré de batatas 90 Flocos de aveia 40
- Sacarose 75 Pão integral 35
- Pão branco 70 Produtos lácteos 35
- Batatas cozidas 70 Lentilhas 30
- Bolachas 70 Grão de bico 30
- Milho 70 Massas integrais 30
- Arroz branco 70 Fruta 20
- Beterraba 65 Vegetais 15
- Banana 60
Índice glicémico de diferentes alimentos – o índice glicémico indica a rapidez com que um hidrato de carbono sobe os níveis de glicose (açúcar) no sangue; quanto mais processado, refinado é um alimento mais alto é o índice glicémico; neste caso é mais fácil ter hipoglicemias reactivas ou no caso dos diabéticos ter hiperglicemias (níveis de açúcar elevados).”
Olá Diana Baptista, antes de mais quero saudá-la com um abraço e poder expressar o meu contentamento por ter descoberto o seu blog, quando navegava pelo motor de busca do google. Tenho lido as suas matérias sobre os diferentes tópicos, QUE me agradam e eu mesma me identifico com AS suas constatações sobre a alimentação, a sociedade, o consumismo excessivo, só de interesses comerciais tal como vemos, diáriamente, na televisão como uma injeção permanente, a quererem convencer os telespectadores de tantos produtos que fazem maravilhas e comprem comprem e telefonem telefonem – só há estratégias para lucros comerciais! Esta é a sociedade em que vivemos.
Há uma fachada de situações que parecem uma coisa e são outra! Isto é bem mais grave quando se trata da saúde humana.
Haja mais consciência em cada um de nós para que nos possamos defender de tanta falsidade e interesses capitais. Nunca imaginei que o dinheiro fizesse tantos efeitos MALÉFICos ao ser humano. É muito grave, a todos os níveis e no planeta.
Muitas vezes, apetece-me fugir da sociedade onde vivo e poder abraçar outras sociedades mais humanas e genuínas, com simples modos de vida com a natureza.
Espero que esta minha mensagem consiga transmitir bem um pouco do meu singelo ser que me vejo como uma pessoa humilde, simples, BATALHADORA, honesta, verdadeira, pacifica, educada e afável, contudo não sou perfeita, como todo o ser humano.
Fico muito CONTENte por saber que existe alguém como a Diana com IDEIAS sobre a vida, idênticas às minhas. Um bem-haja para si !
Desejo-lhe um agradável dia de Domingo. Terei muito gosto em receber uma resposta sua, Diana.
Um até breve. Um abraço,
Maria de Fatima
14/01/2018
Olá Maria de Fátima, muito obrigada pelo seu feedback. 🙂 Mais consciência é sem dúvida o caminho! <3 Um beijinho, Diana
eu bem tento optar pelos cereais integrais mas lá em casa ninguém gosta,
arroz e massas não querem que seja integral, dizem que nao tem o mesmo sabor…
consegui sim foi introduzir as leguminosas, os feijões o grão isso vou comprando
e coloco demolho e sou eu que os cozo na panela de pressão, depois é só congelar em
saquinhos e conforme é necessário vamos utilizando.
eu tenho hipoglicémia e já tive crises na rua e no trabalho em que fico sem forças
desmaio e vomito…tento comer de 2 em 2h mas por vezes há qualquer coisa que não
funciona e vou-me abaixo….
Olá Paula,
já experimentou o Caldo de Vegetais Doces? Pode ajudar na hipoglicemia. 🙂
Quanto aos cereais integrais, é natural que quem está habituado a outro tipo de paladares estranhe porque são sabores muito mais simples, não pelo sabor em si dos cereais, mas pela forma como são confeccionados. Já experimentou usar no Arroz Integral Gomásio (condimento no prato)? Ajuda, porque fica mais salgado. O Millet pode fazer com abóbora e um pouco de azeite e cebola, fica logo mais saboroso. Soba e Udon são massas boas e que também podem ser bem aceites. 🙂
Bjs, tudo a correr bem.