Tive uma espécie de epifanía sobre a forma como actualmente percepcionamos a realidade. Gabo-me de não ver televisão há vários anos e digo à boca cheia que as notícias não são “A” realidade; Que o que que é difundido nas notícias é apenas uma ínfima parte do que se está a passar no mundo naquele momento e sob a perspectiva de alguém; Que a forma como as notícias são disseminadas e o “bater sempre na mesma tecla” faz crer, a quem lê / vê / assiste, que determinado acontecimento é muito maior e relevante do que realmente é; Que ver telejornais, telenovelas, reality shows, séries, filmes e concursos leva-nos a acreditar que o mundo lá fora é de determinada forma – que não é – e a ter, até, medos infundados ou crenças fechadas; Que a nossa realidade não é há muitas décadas aquilo que percepcionamos com os nossos olhos, à dimensão dos nossos passos; Que a realidade não é o que a televisão, a rádio e os jornais nos mostram. Mas esqueci-me, durante muito tempo, que é também e especialmente aquilo que absorvemos – quase sempre involuntariamente – pelas Redes Sociais que faz com que a realidade de cada um seja assim ou assado.
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Sempre que vou para fora, especialmente para fora do país e para locais aos quais me sinto especialmente ligada, existe inevitavelmente uma tomada de consciência do que gostava de mudar, no regresso. Há sempre imensa coisa para alterar, nas minhas rotinas, no meu estilo de vida. Muitos planos (listas até), desejos e um sem número de boas intenções. Intenções essas que muitas vezes não passam disso mesmo… Ficam pelo caminho, esmagadas pela correria do dia-a-dia, alguns dias após o regresso. E são apenas recordadas numa próxima viagem.
Ultimamente tenho reflectido bastante sobre a questão do número de ingredientes que são usados para confeccionar cada “prato” – aliás não só sobre este, mas sobre vários outros assuntos relacionados com uma vida mais ética, consciente e simples. E tenho chegado sempre à mesma conclusão – quer nisto do número de ingredientes, quer na quantidade de comida, quer no número de refeições: Menos é mais. Quer para a saúde, quer para o equilíbrio, quer para o meio ambiente. Menos é sempre mais. Este sumo, apenas com melancia, gelo e umas folhinhas de Hortelã-Pimenta (tudo bio e gelo com água filtrada) – e que podia ter sido feito apenas com melancia -, fez-me vir aqui escrever sobre isto. Ficou delicioso, apenas com não mais do que uma fatia de melancia, e é tão simples e económico.
Sempre me fez confusão a expressão “vou treinar”. Actualmente é uma expressão super vulgar, eu sei – toda a gente treina –, mas sempre que a ouço, ainda continuo a achar que a pessoa vai participar nalguma competição ou tem um espectáculo de dança para preparar. Mas não, treinar não é necessariamente uma preparação para uma prova ou para uma competição. Nem sequer é aprender. Treinar pode ser só ir dar uma corrida ou fazer ginástica (que também já não se chama ginástica) ou nadar. Basicamente, treinar passou a ser exercitar-se – acho eu, que não percebo nada disso.
Os últimos dias têm sido agitados. Primeiro o voluntariado em Castanheira de Pera – os meus medos aqui -, depois o choque da partida de um grande mestre – aqui -, um início da dieta dos 7 dias que não durou mais do que 1 dia – aqui – e pelo meio uma série de coisas a tratar. Para quem não sabe, saí do trabalho onde estava já há 10 anos – o único trabalho a sério que conheci, embora já tenha feito de tudo um pouco a nível profissional – e estou numa fase burocrática, mas entusiasmante, entre projectos, para arrancar em breve com um projecto pessoal ligado ao que mais gosto de fazer.
Vou este domingo para Castanheira de Pera, fazer voluntariado a ajudar a organizar as roupas, que a Médicos do Mundo tem recebido para as vitimas dos incêndios. E não são poucas, como podem ver pela fotografia deste post – que foi tirada pela Marta Gonzaga. A Marta é uma pessoa muito interessante – e que escreve imensamente bem – e esteve lá esta semana a fazer voluntariado. Foi através dela que soube desta oportunidade (obrigada Marta). Entretanto, tenho recebido muitas mensagens de pessoas a darem-me os parabéns pelo meu gesto. E sem o querer desmerecer – não gosto de falsa modéstia -, também não posso deixar de dizer a verdade.