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4 Dezembro, 2017

Diz-me quem segues, dir-te-ei quem és.

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Diz-me quem segues, dir-te-ei quem és.

Tive uma espécie de epifanía sobre a forma como actualmente percepcionamos a realidade. Gabo-me de não ver televisão há vários anos e digo à boca cheia que as notícias não são “A” realidade; Que o que que é difundido nas notícias é apenas uma ínfima parte do que se está a passar no mundo naquele momento e sob a perspectiva de alguém; Que a forma como as notícias são disseminadas e o “bater sempre na mesma tecla” faz crer, a quem lê / vê / assiste, que determinado acontecimento é muito maior e relevante do que realmente é; Que ver telejornais, telenovelas, reality shows, séries, filmes e concursos leva-nos a acreditar que o mundo lá fora é de determinada forma – que não é – e a ter, até, medos infundados ou crenças fechadas; Que a nossa realidade não é há muitas décadas aquilo que percepcionamos com os nossos olhos, à dimensão dos nossos passos; Que a realidade não é o que a televisão, a rádio e os jornais nos mostram. Mas esqueci-me, durante muito tempo, que é também e especialmente aquilo que absorvemos – quase sempre involuntariamente – pelas Redes Sociais que faz com que a realidade de cada um seja assim ou assado.

Eu tinha um vício muito feio – do qual falei aqui – e que consegui ultrapassar, às vezes nem sei bem como, mas tenho outro quase tão feio e tão grande como esse: as Redes Sociais. Infelizmente é verdade, posso afirmar que sou viciada em Redes Sociais e que passo no feed de notícias e no stories do Instagram (Facebook já enjoei há que temos) algumas boas horas por dia. Antigamente mascarava esse vício com a minha profissão (afinal trabalhava a relação de várias marcas com influenciadores digitais e era responsável pelo departamento digital da agência, tinha de saber o que se passava nas redes sociais). Depois começou a ser a desculpa do medinho do “ainda posso precisar de voltar a trabalhar nessa área, nunca se sabe, convém estar a par do que andam a fazer“. Mas a verdade é que os influenciadores digitais são como as telenovelas: vê-se o primeiro episódio, vê-se outros três ou quatro e quando se vai a ver o último, verifica-se que não se perdeu nada pelo meio. E mesmo quando não se viu telenovelas há 10 anos e se quer ficar a par de como andam as coisas nesta matéria, basta pegar no comando e fazer um zapping rápido que está tudo visto.

Vai daí, e porque percebi que a minha percepção da realidade estava a ficar largamente condicionada pelo que me aparecia no feed de notícias e porque me estava a sentir um zombie, especada à frente do telemóvel, a passar o dedo para baixo ou para o lado, horas a fio, a levar com inutilidades, decidi deixar de seguir quase todos os perfis que seguia (mais precisamente 1400). Mantive apenas 13.  Sim, t-r-e-z-e. Só sobraram treze. Por várias razões:

  1. Estou farta de ver conteúdos sem conteúdos (“eu hoje fui jantar aqui”, “olha eu tão bonita ao espelho”, “agora eu no ginásio”, “olha eu na rua”, “eu nas compras”, “eu e a minha filha”, “eu e o meu cão”, “eu e a minha família”, “eu em Paris”, “eu na China”, “eu, eu, eu”,…);
  2. Estou farta de seguir pessoas que falam de temas que me puxam para baixo (e quando digo “puxam para baixo”, não estou a falar de tristezas da vida, quero dizer, sim, que me puxam para a vidinha mundana, das coisas efémeras, desprovidas de profundidade e de interesse);
  3. Porque a frase “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és” faz também muito sentido no digital (aliás, se ainda não foi, devia ser rapidamente adaptada para “diz-me quem segues, dir-te-ei quem és”). Tal como expliquei ao grupo que viajou comigo para a Índia Sul em Novembro, no Ashram há muitas imagens da Amma, não porque ela assim o queira ou dê indicações para isso, mas porque os seus simpatizantes precisam de recordar a todo o momento o seu exemplo. Nós todos precisamos de recordar o que é importante, se não esquecemos muito facilmente. É por isso que um adolescente tem posteres do seu ídolo no quarto, é por isso que um apaixonado guarda o retrato da sua amada na carteira, é por isso que temos fotos dos nossos queridos antepassados em casa, é por isso que todas as religiões têm imagens dos seus mestres, é por isso que guardamos recordações de momentos importantes, é por isso que conservamos religiosamente os livros que mais gostamos – ainda que ocupem muito espaço e com a certeza de que a maior parte deles não vão ser lidos outra vez: precisamos de recordar a todo o instante para não nos esquecermos.
  4. Porque mesmo quando acontece uma catástrofe (por exemplo morrerem 100 pessoas numa situação X) e todas as pessoas falam nisso semanas a fio nas redes sociais; e todos os meios de comunicação social falam nisso sem parar; e há discussões em que se acusa este e aquele  e toda a gente acusa toda a gente com certezas absolutas; e sentados no sofá apontamos o dedo ao vizinho de caixa de comentários por não ser solidário que baste porque se não, em vez de reclamar nas redes sociais, levantava o rabo da poltrona para deitar mãos à obra; e há movimentos de mudar a imagem de perfil durante 3 dias para uma imagem azul às bolinhas; e de postar isto ou aquilo à hora Y. E tudo isto é muito importante para nós e parece que é a realidade. Para nós, seres-vivos-sem-problemas-a-sério que estão tantas vezes sozinhos no meio de tantos amigos virtuais. Mas se sairmos um bocadinho da nossa bolha e subirmos para a dimensão da nossa cidade e depois visualizarmos de cima o nosso país e depois mais alto, o nosso continente, e depois ainda mais alto, a cima do nosso planeta, e depois mais alto ainda, a cima do nosso sistema solar. E se deixarmos se ver só os Humanos e passarmos a considerar todas as outras espécies (sem nos esquecermos até daqueles seres microscópicos que pisamos sem querer a todo o instante), vamos reparar que o que consideramos que tem mesmo muita, muita importância – até mesmo 100 pessoas que morreram numa catástrofe -, na realidade não tem importância nenhuma, é um grão de areia como outro qualquer, tudo depende dos nossos olhos, da perspectiva e da dimensão. Mas os meios de comunicação social e a febre das pessoas nas Redes Sociais e as nossas palas nos olhos que nos fazem achar que a nossa rua é que é e que os humanos é que são, tudo isso tem o poder de fazer com que pareça mesmo que tudo isso é mesmo muito importante. Poupavam-se muita gente revoltada e muita gente alienada se existisse um escadote mental até ao céu para podermos ver mais de cima aquilo que nos rodeia.
  5. Antigamente nem toda a gente tinha voz e isso não era necessariamente mau. Actualmente, qualquer pessoa com acesso a um telemóvel / computador / tablet pode dizer, fazer e mostrar os maiores disparates para um numero considerável de pessoas (o número equivalente às pessoas que tiverem disponíveis para seguir essa pessoa). Para além de que, nas Redes Sociais, é como nos carros: as pessoas transformam-se e parecem um vulcão em abolição, só que em vez de lava, com raiva e ódio.
  6. Tinha imensos conhecidos que já não via há anos  – alguns, até, que se nos víssemos actualmente na rua, nem nos cumprimentaríamos -, mas sobre a vida dos quais sabia tudo (que casaram, que têm 5 filhos, que arranjaram um trabalho novo, que gostam mais de seitan do que de tofu…). Para quê?! Esquisito, não?! Sabia mais deles agora, que não nos falávamos há 10 anos, do que quando andávamos no secundário, na mesma turma, e nos víamos todos os dias.
  7. Seguia pessoas com quem criei uma ligação próxima unilateral. Ou seja, pessoas que eu seguia e das quais me sentia próxima, mas que não me seguiam e que não faziam ponta de ideia de quem eu sou ou do que ando a fazer, mas das quais eu sei “tudo “. E se as visse na rua tinha o ímpeto de as ir cumprimentar por me serem tão familiares. Só que não.
  8. Ao seguir 1400 perfis, por razões óbvias não conseguia acompanhar a maioria e acabava por perder os realmente interessantes, para ver mais do mesmo.
  9. Ao saber a todo o instante o que é que os os meus amigos estavam a fazer e como estavam, deixava muitas vezes passar meses e meses (se calhar até algumas vezes anos), com a falsa sensação de que estávamos super próximos, sem nos falarmos nunca, a não ser por gostos e comentários. E mesmo com aqueles que me são mais próximos fisicamente, já não se conta metade das coisas que se contavam ao vivo porque está lá tudo escarrapachado: “eu vi”, “eu sei”, “sim, postaste essa foto”. Pffff.
  10. Estava a ser muito mais difícil focar-me no caminho que considero certo, por ser diariamente bombardeada de estímulos para o “lado errado” e por estar aos poucos a deixar de seguir quem realmente me “puxa para cima”, para o caminho que acredito ser o único possível: o da ética, consciência e compaixão.

Por isto e porque realmente não sentia existir nenhum benefício em grande parte dos perfis que seguia, tomei esta decisão e estou num processo de “desmame”. Recomendo. A realidade não é de todo a que passa no feed (felizmente). Hoje seguia 1400 perfis no Instagram. E daqui a 5 anos? Por outro lado isto também me fez voltar a tomar consciência que também eu tenho de partilhar coisas apenas com conteúdo e não mais do mesmo “olha eu tão gira com o meu cão”.

Detrox Social MediaInsta DetoxInstagramRealidadeRedes Sociais

Diana Chiu Baptista

Guio-me pelo Dharma de Buda e acredito no potencial da Macrobiótica – que sigo desde que nasci. Vivo no Alentejo profundo, no Monte do Almo, onde recebo hóspedes. Mas também me identifico com a luz do Oriente, para onde viajo com frequência. Umas vezes em família, outras quando levo grupos a viajar de forma mais profunda, compassiva e espiritual com a Macro Viagens.

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Comments (3)

  1. a televisão é uma boa parte da minha companhia e talvez em certos momentos
    a única companhia…mas sempre achei que viver sem ela não ia ser um drama.
    não me viciei em redes sociais nem gosto de publicar coisas sobre mim, sempre
    achei desnecessário andar a contar ao mundo o que faço ou deixo de fazer!
    a melhor companhia as melhores conclusões, a nossa evolução como seres
    depende mais do que somos uns para os outros e das nossas conversas, do que
    andar nesse mundo virtual.
    uma parte importante para mim é também o que leio, existe sempre uma mensagem
    importante em cada livro.
    acho que as pessoas andam mais tristes e mais solitárias desde que foram criadas as
    redes sociais….tenho imensa pena de termos todos chegado onde chegamos pois
    existe mais pessoas a suicidarem-se.
    pessoas que conheço, pessoas que não conheço mas que oiço falar, ultimamente tem sido uma avalanche…criou-se uma ilusão
    e agora a maioria não sabe sair dela!

    Responder
    paula - 15 Dezembro, 2017
    1. Olá Paula, obrigada pelo feedback e concordo consigo e é muito triste, estamos a caminhar cada vez mais para a solidão interior e exterior. Mas acredito que é possível reverter isso e sinto que há cada vez mais pessoas despertas para essa realidade. Um beijinho

      Responder
      Diana Chiu Baptista - 18 Dezembro, 2017
  2. A percepção de cada um… É isso mesmo… É a nossa definição da realidade, baseada nos nossos valores, ensinamentos, inteligencia, GENES, vidas passadas até se quiseres. Se formos por aí… então fechamos os olhos a tudo.
    Podemos ver tv, podemos viajar, andar na rua e ver filmes, mas temos de saber filtrar, informar-nos, ter espírito crítico, temos que nos ligar aos nossos valores e não os perder de vista ??

    Responder
    Ana - 10 Dezembro, 2017

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Diana Chiu Baptista

Diana Chiu Baptista

Guio-me pelo Dharma de Buda, acredito no potencial da Macrobiótica – que sigo desde que nasci - e estou a caminhar para uma vida cada vez mais ética. Vivo no Monte do Almo, no Alentejo, e identifico-me com a luz do Oriente, para onde viajo com frequência - umas vezes em família, outras vezes com grupos em programas da Macro Viagens.

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