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30 Junho, 2017

Vou fazer voluntariado. Mas é especialmente para me ajudar a mim.

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Vou fazer voluntariado. Mas é especialmente para me ajudar a mim.

Vou este domingo para Castanheira de Pera, fazer voluntariado a ajudar a organizar as roupas, que a Médicos do Mundo tem recebido para as vitimas dos incêndios. E não são poucas, como podem ver pela fotografia deste post – que foi tirada pela Marta Gonzaga. A Marta é uma pessoa muito interessante – e que escreve imensamente bem – e esteve lá esta semana a fazer voluntariado. Foi através dela que soube desta oportunidade (obrigada Marta). Entretanto, tenho recebido muitas mensagens de pessoas a darem-me os parabéns pelo meu gesto. E sem o querer desmerecer – não gosto de falsa modéstia -, também não posso deixar de dizer a verdade.

Eu vou fazer voluntariado, para ajudar, claro, porque precisam de várias mãos na cozinha, na logística e na copa, mas (e talvez especialmente) para me ajudar a mim própria. Parece estranho, eu sei, mas eu explico:

Sempre fui muito mariquinhas. Desde pequena que, embora tenha tido uma vida bastante sofrida até à idade adulta, os meus pais sempre me tentaram proteger de coisas tão estúpidas (e digo estúpidas por fazerem parte da vida e por não ser possível nenhum pai proteger os filhos dessas coisas), como da doença, da velhice, das desgraças. Chegaram ao cúmulo de, uma vez em que caí e me levaram ao hospital, o meu pai me enfiar literalmente a cara no casaco dele, para eu não ver o que se passava nas urgências. Ora bem, eu compreendo que a intenção fosse boa, mas, na minha opinião de adulta, o melhor que se pode dar a uma criança para ela crescer forte, descomplicada e audaz, é contacto com todas as realidades possíveis de sofrimento. Simplesmente porque o sofrimento existe e não é a tapar os olhos com a peneira que vai deixar de existir. Conviver com o sofrimento, ajudar quem precisa, sair da zona de conforto, olhar nos olhos e de frente, fortalece o carácter.

De há algum tempo para cá, por isso mesmo, tenho procurado fazer coisas que me são desconfortáveis. Tenho procurado o sofrimento, por estranho que pareça. Em resumo, tenho procurado lidar com os meus medos, de frente. E eu tenho medos tão parvos – relativamente a esta experiência que vai começar no Domingo – como estes:

  • Ter de dormir num local onde aconteceram incêndios – com a mente sempre a trabalhar “e se estou a dormir e há outro incêndio…?”;
  • Ir sozinha sem saber o que me espera e sem conhecer ninguém e de ficar lá sem carro, que é sempre um refugio (“qualquer coisa, venho-me embora, sou independente”);
  • Não saber em que condições vou dormir, nem como são as casas-de-banho (só me disseram para levar um saco-cama e um colchonete);
  • Ver sofrimento e miséria e desgraças à minha frente, gente que perdeu tudo, gente que está a sofrer e que vai querer falar comigo e eu sem saber se o que vou dizer vai ser bom para essa gente – ou sequer se vou dizer alguma coisa;
  • De estar com muitos cães soltos (provavelmente, se lêem o meu blog, sabem que o Américo faz parte da minha família, mas não sabem – porque nunca o disse aqui – que, ironicamente e embora os adore, tenho pânico de cães que não conheço, especialmente de muitos cães soltos, todos juntos, sem dono).

Em resumo, são estes os meus medos. E são estes os medos que me fizeram procurar este desafio. Claro que o principal é ajudar, em termos globais, mas ajudar-me a mim, é também um enorme objectivo. Sair da minha casinha confortável e da minha vidinha sem grandes chatices e com dinheiro que resolve qualquer problema do dia-a-dia, para me pôr à prova, para dar de mim, e receber – tenho a certeza – muito mais. Quando os voluntários dizem que recebem muito mais do que dão, parece sempre um discurso à Madre Teresa (como uma amiga me costuma chamar, na brincadeira), mas não é mentira, nem falsa modéstia. É mesmo verdade. Já fiz outras coisas deste género – em âmbitos diferentes – e recebi sempre muito mais ajuda do que a que dei. Ajudou-me sempre a ser melhor pessoa, mais forte, mais do lado do bem, mais corajosa (ainda que continue uma maricas), mais feliz. Fazer voluntariado é só um meio maravilhoso de ajudar e ser ajudado (no fundo, não passa de uma troca).

[Quem quiser fazer voluntariado em Castanheira de Pera, pode contactar a Médicos do Mundo pelo 967 880 472. Estão a precisar de gente para a Copa, Cozinha e Logística. É o trabalho que não se vê, mas é um trabalho imensamente importante.]

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Diana Chiu Baptista

Guio-me pelo Dharma de Buda e acredito no potencial da Macrobiótica – que sigo desde que nasci. Vivo no Alentejo profundo, no Monte do Almo, onde recebo hóspedes. Mas também me identifico com a luz do Oriente, para onde viajo com frequência. Umas vezes em família, outras quando levo grupos a viajar de forma mais profunda, compassiva e espiritual com a Macro Viagens.

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Comments (2)

  1. 🙂 revi-me muito neste post, no sentido de sairmos da nossa bolha e dar de caras com uma realidade que podia (porque podia) ser a nossa. O ano passado fiz voluntariado na cvp – Comunidade vida e paz e gostei muito. Houve uma situação menos perfeita mas estamos sempre a aprender e este ano estou lá de novo, porque só assim é que crescemos 🙂

    beijinho

    Responder
    BOM DESTINO - 4 Agosto, 2017
    1. Podia mesmo! 🙂

      Responder
      Diana Chiu Baptista - 16 Agosto, 2017

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Sobre Mim

Diana Chiu Baptista

Diana Chiu Baptista

Guio-me pelo Dharma de Buda e identifico-me com a luz do Oriente para onde viajo com frequência - umas vezes em família, outras vezes com grupos em programas da Macro Viagens. Quando estou em portugal, vivo com o igor e o nosso cão américo no Alentejo, no Monte do Almo.

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