No Ashram da Amma – que, para quem não sabe, é uma espécie de mosteiro (Ashram) de uma guru Indiana (a Amma) que dá abraços -, alguns dos quartos não têm espelhos. E os que têm, têm apenas um pequeno espelho de rosto. Num Ashram valoriza-se a vida interior – espiritual – e não o exterior. As roupas são simples e modestas. Dizem no Ashram que a Amma nos “dá” aquilo que mais precisamos de receber. O que significará, então, ficar num quarto sem espelhos…?!
Há já algum tempo que esta série de posts fervilha na minha cabeça. A Índia ensina-nos tanto…! E é tão difícil digerir tudo, como é inevitável que essa digestão, lenta, acabe por se fazer, mais tarde ou mais cedo. A Índia é um murro no estômago – especialmente se andarmos distraídos com a nossa vidinha. É por isso que a Índia é conhecida por nos provocar diarreia, acho: limpa-nos, por dentro e por fora. A Índia nunca se revela toda, há sempre mais e mais… Quando achamos que já sabemos tudo, zás! É tantas vezes subtil, quantas tem a mão pesada. A Índia leva-nos simultaneamente – às vezes em questões de segundos – ao inferno e ao céu. E à exaustão… Dá-nos e tira-nos tudo em instantes. É doce e é amarga. É negra e é colorida. Tem tanto de bela como de horrível. A Índia dói, dói muito. Muitas vezes. Vezes de mais. Mas é quem também nos abraça com um sorriso aberto, outras tantas vezes.
Estive nas últimas semanas a conduzir mais um grupo pela Índia Sul, com a Macro Viagens. Embora tenha partilhado alguns posts no Facebook e no Instagram, não tenho escrito nem partilhado nada de significativo. As viagens com os grupos são muito intensas e, se é verdade que a Índia inspira, também é verdade que é preciso ter algum espaço mental para que surjam partilhas interessantes… Tenho agora três dias de intervalo entre grupos, o que é bom para respirar, para colocar o trabalho mais formal em dia e para recuperar energias para receber um novo grupo.
Estamos a todo o momento a tempo de começar de novo e um novo ano pode ser mais um incentivo. Eu, tendencialmente, não gosto de resoluções de ano novo, mas este ano senti que fazia sentido, nestes primeiros dias do ano, reflectir sobre as minhas intenções para 2018. O destino já estava definido – trabalhar para uma vida mais ética, consciente e compassiva -, mas os meus grandes desafios foram ficando cada vez mais e mais claros. Se houvesse um tema anual para cada pessoa, o meu deste ano seria sem dúvida “o ano de cultivar a consciência”. Tem-se tornado cada vez mais evidente a importância de trabalhar para estar lúcida em cada acção. Claro que 1 ano não bastará – nem um bilião -, é um trabalho contínuo, que já foi iniciado, mas que precisa de muita continuidade e de força e perseverança.
Já todos ouvimos estas expressões: “Estou a fazer dieta, por isso eliminei os hidratos de carbono” ou “Pratico actividade física intensa, a base da minha alimentação são as proteínas” ou ainda “Hidratos de Carbono são Arroz e Batatas, não é?” Pois bem… Não, não e não. Os hidratos de carbono devem ser a base de uma alimentação saudável – ou seja, a maioria do que ingerimos devem ser hidratos de carbono. Mas nem todos os hidratos têm as mesmas propriedades: arroz branco, batatas ou açúcar, não são benéficos para a saúde, quer se queira emagrecer ou não, quer se faça muito desporto ou não. Por e simplesmente não nos fazem bem. No entanto, os cereais integrais em grão (arroz, o trigo sarraceno, o millet, o bulgur,…), os vegetais e as leguminosas são bons, quer para a nossa saúde física, quer para o equilíbrio emocional e devem ser a base da nossa alimentação diária. Sim, os vegetais e as leguminosas também têm hidratos de carbono! Erradamente, pensa-se só em arroz e batatas, quando se fala em hidratos, mas não é bem assim. A explicação a seguir, do Francisco Varatojo, é longa, mas é muito interessante. Vale mesmo a pena ler.
Depois de meses a delinearmos todo o projecto, a Macro Viagens já está finalmente online (em www.macroviagens.pt) e os novos programas de viagem para 2018 estão lançados. Para quem não sabe, a Macro Viagens é uma agência ‘made with love’ especializada em viagens de grupo realistas, ou seja, viagens menos turísticas do que o habitual e em que existe contacto próximo com a cultura e populações locais. Nas viagens que organizo com o Igor, o meu marido, as refeições são sempre vegetarianas, todos os programas têm uma forte componente espiritual e existe grande proximidade com diferentes religiões. Oferecemos viagens de grupo a preços que consideramos justos e existe sempre uma grande preocupação com a minimização do impacto negativo do turismo. São viagens culturalmente desafiantes, mas com um grande potencial transformador.